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sexta-feira, 14 de junho de 2019

ENVIA-ME CARTAS (I)



ENVIA-ME CARTAS (I)

Sempre pensei que esquecer o passado seria fácil... Puro engano.

Descobri, nos meus devaneios, a existência de vários tipos de "passado":

O PASSADO triste, sombrio, adormecido ao som de suaves melodias, num presente brilhante e risonho.

O PASSADO feliz, sorridente, que derrama impetuosas lembranças num presente de tormentos.

E o PASSADO radioso e encantador, iluminado pelo sol da felicidade aqui presente.

Escrevo-te hoje esta carta porque me lembrei da época em vivemos felizes, unidos na partilha dos mesmos ideais e sonhos. Recordo-me dos dias plenos de sintonia e sentimentos, quando ao pisar as mesmas veredas projectávamos  o futuro.

Porém naquele dia viraste-me as costas para abrir as portas a um outro amor, e nunca mais te vi. Fiquei em solidão e trevas, desejando esquecer o que atrás ficou. Senti frio, aquele frio gelado que sopra vindo de norte. Na minha mente jamais se ofuscou a imagem do teu afastamento. Partiste na direcção oposta, sem um olhar de despedida.

Quis esquecer-me de tudo, dos momentos a dois, tão íntimos e tão nossos, onde nos alheávamos de tudo quantos nos rodeava.

Passaram-se já alguns anos, mas ainda não olvidei os detalhes dos nossos encontros porque tu permaneces aqui, presente em mim.

Pergunto-me diversas vezes se já te terás esquecido de mim, ou se ainda pairam sobre ti algumas memórias…

Não creio que volte a escreve-te, necessito alhear-me de ti e das recordações passadas.

Despeço-me por fim com um beijo de quem, apesar de tudo, continua a amar-te.

Miguel

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